segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Um poema de Alfred Tennyson



Lágrimas, inúteis lágrimas

Lágrimas, inúteis lágrimas,
Não sei o que significam,
Lágrimas vindas do fundo
De alguma aflição sublime
Emergem no coração,
E chegam até os olhos,
Vendo os alegres campos outonais
E pensando nos dias que não mais existem.

Novas qual primeiro raio
Cintilando numa vela,
Que traz aqui para cima
Os amigos do submundo,
Tristes como as derradeiras
Que fazem corar alguém
Que afunda com tudo o que amamos sob a borda;
Tão tristes, estranhos dias que não mais existem.

Tristes e estranhas como em
Sombria alba de verão
Primeiro pio de aves semilúcidas
Para ouvidos moribundos,
Quando pra olhos decadentes
Lentamente a janela desenvolve
Um quadrado de luz tênue;
Tristes, estranhos dias que não mais existem.

Diletas tal qual os beijos
Na memória após a morte,
E suaves como aqueles
Que em afeto sem fé fingem
Nos lábios que são para outros;
Profunda como é o amor,
Como é primeiro amor, e insano com toda a pena;

Ó Morte em Vida, os dias que não mais existem!


Alfred Tennyson nasceu em Somersby em 6 de agosto de 1809 e morreu em 6 de outubro de 1892. Sua primeira publicação foi numa coletânea intitulada Poemas by Two Brothers, publicada em 1827 que reunia poemas seus e do irmão mais velho, Charles Tennyson. O primeiro livro foi Poems Chiefly Lyrical, de 1830. Vinte anos depois, o poeta apresentou a obra que o daria os louros da fama: In Memoriam A. H. H., obra dedicada ao amigo-amante Arthur Hallam.

* Tradução de José Lino Grünewald. 



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