segunda-feira, 10 de junho de 2013

Um poema de William S. Burroughs


MEDO E O MACACO

Coceira irritante e o perfume da morte
No sussurrante vento sul
Cheiro de abismo e nada
O Anjo Vil dos vagabundos uiva pelo apartamento
Como um sono cheirando a doença
Sonho matutino de um macaco perdido
Nascido e sufocado por velhas fantasias
Com pétalas de rosa em frascos fechados
Medo e o macaco
Gosto amargo de fruta verde ao amanhecer
O ar lácteo e picante da brisa marinha
Carne branca denuncia
Teus jeans tão desbotados
Perna sob sombras do mar
Luz da manhã
No néon celeste de um armazém
No cheiro do vinho barato no bairro dos marujos
Na fonte soluçante do pátio da polícia
Na estátua de pedra embolorada
No molequinho assobiando para vira-latas.
Vagabundos agarram suas casa imaginárias
Um trem perdido apita vago e abafado
No apartamento noite gosto d'água
Luz da manhã em carne láctea
Coceira irritante mão fantasma
Triste como a morte dos macacos
Teu pai uma estrela cadente
Osso de cristal no ar fino
Céu noturno
Dispersão e vazio.

William S. Burroughs nasceu a 5 de fevereiro de 1914, em St. Louis. Um dos nomes mais destacados nomes da Geração Beat, sua obra reconhecida está circunscrita no âmbito da prosa. Nesta se destaca por livros como E os hipopótamos foram cozidos em seus tanques, Junkie e Naked Lunch. Morreu a 2 de agosto de 1997, em Lawrence. 


* Tradução: RGL e Maurício Arruda Mendonça