quarta-feira, 9 de julho de 2014

Um poema de Antonio Cisneros



RÉQUIEM (3)

Para as imensas perguntas celestes
não tenho outra resposta
além de comentários simples e sem graça
sobre as garotas
que vivem perto de minha casa
perto do farol e do dique Cisneros.
E não queiram ver
na tagarelice besta essa humildade
dos antigos gregos.
Ocorre apenas
que as imensas perguntas celestes
trazem à tona
meu desencanto e meus tédios.
Que por fim
me fazem ficar rondando
como um mosquito no final da tarde.
Fazendo hora,
enquanto chega o momento de oficiar
minhas pompas fúnebres,
que não serão grande coisa
com certeza.
Neste tempos duros bastará
uma mula velha
e uma ânfora de madeira
brilhante e negra
como o dorso molhado de um delfim.
Ah as perguntas celestes!
As imensas.