domingo, 25 de dezembro de 2016

Dois poemas de Lucila Nogueira



SERVENTIA DA POESIA

Para alguma coisa há de servir
toda uma vida dedicada a ti
poesia meu estranho anjo da guarda
não há de ser para a fama
nem me fará mais amada
nem aplausos no palanque
nem no circo de lona rasgada
pirâmides de livros pela casa
qualquer dia toco fogo
e paro e sumo e me calo
mas há de servir para algo
a palavra entrecortada
o coração desabrido
a poesia ignorada
para salvar um amigo
do terror do suicídio
há de servir para algo


NÃO É FÁCIL MORRER

não é fácil morrer e eu te recordo
recoberto de flores nesse espaço
onde te colocamos para sempre
tão belo mas tão frio o teu estado

vivendo a morte pelo outro lado
do espelho magnético da alma
vivendo a sorte de dormir calado
e acordar invisível para a amada
tendo só sua mente por cenário
(forças desconhecidas e secretas
 nas ruínas românticas do claustro)