sábado, 28 de janeiro de 2017

Três poemas inéditos de Oswald de Andrade



música

Nêgo du bombo
Quano vae
Tocano marcha
Nêgo da caxa
Bota o pé
No carcanhá
Caxa véia
Já tem mais
De mile rombo
Nêgo du bombo
Tem pé de chapuá


poema pontifical

Vittel tanto de tanto
Cheguei da Suíça
O governo mandou pôr anil
No Lago Lemano
Sarei da doença
Morro da cura
Nesta Lorena que não vale
A de Guaratinguetá


que felicidade

A Dolur

Ontem às 18 horas
Foi dia de Milagre
Nossa Senhora do Amor
Endireitou minha vida

Ontem às 18 horas
Fiquei noivo
Nossa Senhora do Brasil
Vai ser nossa madrinha

Oswald de Andrade nasceu a 11 de janeiro de 1890. É um dos nomes mais importantes na cena modernista do sudeste do Brasil; autor dos mais importantes manifestos introdutores do movimento no Brasil, o Manifesto da Poesia Pau-Brasil e o Manifesto Antropófago. Autor de obras em prosa, teatro e poesia. Neste gênero destacam-se, dentre outros, Pau Brasil (1925), Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade (1927) e Cântico dos cânticos para flauta e violão (1942). Morreu na mesma cidade natal, São Paulo, a 22 de outubro de 1954.

* Publicados no jornal O Globo em 28 de janeiro de 2017.